quarta-feira, 2 de março de 2016

GENÉTICA DAS FORMAS DO BETTA

GENÉTICA DAS FORMAS DO BETTA

Cedido, traduzido e adaptado de http://www.bettaitalia.it
A Genética do Betta é uma verdadeira dor de cabeça. Levamos várias gerações selecionando e cruzando bettas de linhas semelhantes com o intuito de melhorar nossos exemplares, tanto no aspecto cores, quanto no aspecto formas como é o foco desse artigo.Podemos falar de chances mas nem sempre temos a certeza do que iremos obter de determinada cruza.
Uma das coisas fundamentais no que tange ao aspecto das formas nos bettas está relacionado com a qualidade da água em que os mesmos são mantidos o que os auxiliará em seu devido crescimento e nas formas que desejamos. E muitas vezes não temos o resultado obtido e não entendemos como os asiáticos conseguem produzir bettas tão belos e mesmo se tendo espécimes importados, muitos não conseguem obter os mesmos resultados em suas cruzas, isso fenotipicamente falando e nao querendo por a prova a qualidade da genética dos mesmos.
Com relação aos nossos cruzamentos e seus resultados, em primeiro lugar vale ressaltar que mesmo em se tratando de porcentagens e probabilidades, temos de levar em conta quantos ovos sao fertilizados e dentro desse universo quanto se apresenta da recessividade, ou seja quanto dos ovos que foram fecundados vao apresentar características recessivas, o que as vezes numa cruza um único exemplar apenas representa todo o material realmente recessivo que obtivemos, ou seja, só ele representa o todo.

Ainda temos de levar em consideração a descendência dos exemplares escolhidos para cruzamento, como por exemplo, no caso da cruza de dois exemplares HM, sendo que um é filho de cruzamento entre HM e SD, o que pode fazer com mesmo nascendo HM na ninhada muitos terão a genética SD imbutida e visto que a mesma é dominante sobre a HM isso pode gerar resultados não esperados no futuro.
Por isso é importante observar a porcentagem de resultados esperados no cruzamento de um determinado casal  e em suas gerações futuras.
Nos cruzamentos onde queremos seguir durante várias gerações com um mesmo sangue genético devemos nos atentar que isso, dependendo de cada linha e da genética dos mesmos pode causar problemas genéticos ligados a fatores nem sempre apenas morfológicos, mas também orgânicos, produzindo exemplares fracos, de crescimento demorado, menos resistentes a doenças e por ai vai.
O correto seria cada criador ter seu caderno de anotações, controlando seus cruzamentos e os resultados obtidos e criando um código para cada geração que represente coisas como forma, cor, linhagem e etc, de acordo com o que cada criador considere importante acrescentar.
Antes de prosseguirmos devemos definir alguns conceitos relacionados a genética, como:
  • Genótipo: É o conjunto de genes que compõem o DNA do animal.
  • Fenótipo: É o conjunto observável das características de um animal.
  • Homozigoto: com os alelos do mesmo gene (por exemplo)
  • heterozigotos: com diferentes alelos do gene (por exemplo Aa)
A primeira coisa a que devemos nos atentar é que a simetria é recessiva em relação ao caos no que tange ao ordenamento das caudas do betta, temos de visar sempre o equilíbrio simétrico.
Por enquanto vamos nos atentar a estas 3 regras:
  1. Caudas fechadas e/ou inclinando são dominantes sobre caudas abertas e retas;
  2. A assimetria é dominante sobre a simetria;
  3. Caudas longas dominam sobre caudas curtas.
Outro conceito que devemos lembrar é que pequenas ramificações é dominante sobre maiores ramificações, mas veremos que isso não é bem verdade, porque, por exemplo, o rosetail tende a aparecer por várias gerações.
Começaremos falando dos plakat´s, observando os pontos discutidos até agora, onde cruzando um hmpk x pk tradicional, observaremos que a cauda mais redonda do pk tradicional e menos aberta domina sobre o HMPK, da mesma forma, cruzando-se um pk simétrico x um assimétrico, dominará o assimétrico.
Cruzando-se HM x SD, os super delta dominam sobre o HM, outro aspecto a se obervar, conforme mencionado anteriormente é verificar se o SD é geno HM, ou seja, filho direto de HM, pois se for teremos mais chances de cruzando ele com um HM termos mais exemplares HM no fururo.
Da mesma forma, o que falamos aos plakat´s se aplica aos HM. Ao cruzarmos HM´s devemos observar se em sua descendência temos observados características desagradáveis, como se são descendentes de super delta, se seus pais tinhas caudais retas e simétricas e por ai vai.... Sempre que uma destas características se apresenta ela tende a dominar as demais e o que desejamos é ter bettas com caudais firmes, pano de cauda grosso, simetria, boa abertura caudal, boa dorsal (gene DT) e por ai vai. Temos de primar pela pureza em nossas linhagens e primar por boas características genéticas.

Como aberturas caudais OHM em torno de 180º a 200º tendem a ser recessivas quanto a aberturas HM num cruzamento de OHM x HM, teremos em torno de 70% HM e 30% OHM.
Temos de ter cuidado também no cruzamento entre HM x Rosetail, pois os Rosetails tendem a nascem em maior porcentagem em gerações futuras o que desaconselhamos.


Podemos chamar os HM de geno SD DT, pois foi o resultado seletivo de SD´s de boa abertura com DT´s, por isso algumas vezes, dependendo da carga genética dos nossos HM sempre irão nascer mais ou menos SD´s, pois os HM serão sempre recessivos quanto aos SD´s.
Resumindo o que vimos até aqui:
  1. VT domina todos;
  2. Delta domina SD;
  3. Rosetail domina SD e HM;
  4. SD domina HM.
Falando agora de cruzamentos entre plakats e Longs, se usa muito esse recurso, tanto para melhorar a espessura dos raios dos longtails, quanto para encorpar mais nossos long´s, visto os plakat´s serem geralmente mais encorpados.
Lembrando que nadadeiras longas dominam sobre nadadeiras curtas, e lembrando também e alertando que plakat´s de nadadeiras redondas e assimétricos dominam sobre caudais HM e OHM Simétricas, dando nos nesses tipos de cruzamentos bettas com mais anal e anais mais triangulares do que trapezoidais, com caudais maiores e tendendo a SD e/ou Redondas.
  

Vamos analisar agora um caso de cruzamento entre Long e Pk aonde representaremos os genes dominantes por letras maiúsculas, recessivos por letras minúsculas, se heterozigotico, uma letra maiúscula e uma minúscula, se homozigotico letras iguais.
Cauda longa: LL (dominante)
Cauda curta: ll (recessivo)
Cauda HM: hh (recessivo)
Cauda inferior a HM: HH (dominante)
Assimetria: SS (dominante)
Simetria: ss (recessivo)
Betta PK tradicional assimétrico: ll, HH, SS (cauda curta, Abertura < HM, Assimétrico)
Betta HM : LL, hh, ss (cauda longa, abertura HM, Simétrico)

Resultado: LlHhSs (fenotipicamente irá manifestar os personagens dominantes, mas em alguns da progênie pode ocorrer mais ou menos parcialmente traços recessivos).Ou seja, teremos um Betta que fenotipicamente tendem a apresentar: cauda longa, SD ou Delta, e barbatanas assimétricas entre eles, particularmente com mais anal.
Novo caso:
Cauda Longa: LL
Cauda curta: ll
Assimetrico: SS
Simetrico: ss
HMPK: ll , SS (cauda curta, assimétrico)
HM: LL, ss (cauda longa, simétrico)

Resultado: LLSs, isto é, Betta, que tendem a ter caudas longas ou saias semi-profundas, e maioria assimétrica com o anal mais longo.
Agora vamos falar um pouco sobre os crowntails. Como sabemos os melhores crowntails são os que apresentam abertura 180º, o que os torna recessivos, tendo muitas vezes que cruzá-los com HM normal, fazendo seleções específicas.
Podemos considerar o CT um recessivo parcial, pois seus genes sempre deixam sua presença visível. É tanto que um cruzamento de Bettas com caudas sem traços CT (II) x CT (ii) gera filhos geno CT Combtail ou Halfsun (Ii).
Quanto a redução de membrana essa pode variar de um para outro uns podendo apresentar menor redução e outros mais redução.
Foto: Combtail

 Foto: Halfsun


 Cruzando-se um SD CT com um HM de caudas normais quanto ao Gene CT teríamos:
Cauda sem traço CT: II
Cauda com traço CT: ii
Genética HM: II
Genetica CT: ii

Resultado: Ii, ou seja, um betta geno CT, que pode ser Halfsun ou Combtail.
Cruzando-os entre si:
Teríamos como resultado 25% com caudas normais(II), 50% Combtail(Ii) e 25% de CT(ii)
Vejamos um cruzamento entre um PK x um CT Long
Cauda Longa: AA
Cauda curta: aa
Caudas normais com relação a CT: BB
Caudas CT: bb
Genética do PK: aaBB
Genetica do CT: Aabb

Cruzando esses combtails entre si: AaBb X AaBb

Cruzando-se os exemplares aabb em F3 teremos 100% pkct.
Vamos falar agora sobre os Dumbos e Big Ear.
Essa característica se apresenta recessiva com relação a peitorais normais, sendo que em cruzamentos de peitorais normais x peitorais grandes teremos filhos geno Dumbo ou Big Ear que não apresentarão peitorais grandes ainda sendo apenas portadores desse gene, mas que cruzandos entre si, dois geno dumbos ou Big Ear já poderão produzir filhos com peitorais grandes.
Basicamente não há PK Big Ear e não HM, porque os Big Ear são portadores do gene Rosetail que não tende a ocorrer  em betta de cauda, mas se nós selecionar pk´s Big Ear HM estes tendem a sofrer de caudas rosetail excessiva e pesadas, apresentando defeitos morfológicos como corpo menor, dorsal pequena, rosetail exagerado, o que nao ocorre nos pk dumbo, pois os mesmos tem um corpo mais volumoso e não expressam rosetail.
Vejamos agora a análise genética entre um cruzamento de dumbo x não dumbo
Não Dumbo: AA
Dumbo: aa

Resultado em F1: Aa, teríamos indivíduos geno dumbo, com alguns exemplares já apresentando a peitoral um pouco maior.
Cruzando dois exemplares Aa dessa F1, teríamos:

Teríamos em F2 25% Não dumbo (AA), 50% geno dumbo (Aa) e 25% dumbos (aa), bastando selecionar dois exemplares aa para termos uma ninhada 100% dumbo em F3.
Só pra citar os gigantes assim como os dumbos também apresentam genes recessivos.
Os Double Tails, DT´s.
Primeiro coisa a citar é que os DT´s são recessivos, mas é graças a ele que hoje temos o HM, pois eles transmitem amplitude de caudas quando cruzados com bettas de caudais simples.
Vejamos como ficaria o cruzamento de um betta de cauda normal x DT:
cauda Individual: AA
cauda dupla: aa

Resultado F1: Aa, Betta Hm geno DT
Agora cruzando Aa x Aa

Em F2 teremos AA: cauda simples, Aa, genos DT e aa DT´s puros.
Em F3 para termos 100% DT bastaria cruzar aa x aa para termos 100% DT o que é desaconselhado por muitos.
Vejamos como ficaria o cruzamento de um Pk Normal x PK DT
longas barbatanas: AA
barbatanas curta: aa
cauda única: BB
cauda dupla: bb
Genética do PK: aaBB
Genetica do DT: AAbb

resultado na F1: AaBb, resultando em um geno DT caudas e saias longas semi-profundas. Apresentando em particular uma dorsal volumosa, cauda única e assimétricos.
Agora vamos cruzar a F1 AaBb X AaBb

Teremos em F2 6,25% do aabb que será verdade PKDT
 PKDT. Fonte da foto: www.aquabid.com

Em F3 será o suficiente cruzar aabb x aabb e vamos ter 100% PKDT.
E para fazermos um CTDT como procederíamos ?
Tanto a cauda crowntail quando DT são recessivas. Numa primeira geração teríamos, em linhas gerais, combtails de caudas longas.
Cruzando esses exemplares em F2 já teríamos cerca de 6% de CTDT, que cruzandos em F3 já teríamos os exemplares desejados.
Vejamos como seria isso:
cauda sem traço CT: AA
Cauda CT: aa
cauda única: BB
cauda dupla: bb
Genética do CT: aaBB
Genetica do DT: AAbb

Resultado na F1:. AaBb, resultando em um combtail geno DT, com caudas volumosas.
Cruzando AaBb X AaBb

Teremos cerca de 6% de exemplares aabb como na foto abaixo

 
Dai numa F3 acabaríamos de fixar nossos CTDT´s.
Até agora podemos perceber que os cauda véu dominam sobre todas as outras formas, na natureza, em estado selvagem predominam os bettas de caudas curtas, condição essa forçada, pois se mantido em cativeiro tendemos a ter mais bettas de cauda longa com o tempo. Na natureza caudas longas tornam a natação lenta e são mais vistosos aos predadores, com isso a seleção natural os forçou a permanecer com as caudas curtas, estando ai a resposta sobre o porque dos véu tail dominarem sobre as demais caudas, pois parece ser esse seu aspecto natural.
Vejamos agora algumas dicas de como selecionar espécies das diversas formas aqui apresentadas.
Selecionando os HM
Sabemos que se continuarmos sempre cruzando HM x HM a tendência será termos cada vez menos exemplares HM, então aconselha-se a não ir muito longe com cruzas entre irmãos.
Devemos primar sempre pelos primeiros raios das caudais levantados e em linha reta, a partir disso então como selecionar os melhores HM ?
Existem 3 soluções:
Cruzá-los com DT ou com Rosetails ou com OHM.
1 Caso – Cruzamento de HM x DT: Muitos o fazem com o intuito de melhorar a dorsal e abertura de seus HM, o que se feito por muitas vezes pode incorporar defeitos aos HM que durarão por longas gerações como bordas caudais onduladas e raios mais longos que outros o que compromete a simetria do HM como um todo.
2  Caso – Cruzamento de HM x rosetail: Como pequenas ramificações dominam sobre as grandes ramificações, cruzando-se HM x Rosetail teremos um bom número de exemplares HM normais, mas mesmo esse tipo de cruzamento tem suas desvantagens, como, por exemplo, no caso do rosetail, tende a produzir bettas de corpo pequeno e dorsal pequena, mas a questão do corpo se recupera cruzando-se eles com HMPK, e pra melhorar dorsal uma cruza com DT e não repetir por pelo menos 3 a 5 gerações.
3 caso – Cruzamento de HM x OHM: A melhor opção em minha opinião. Como eles tem geralmente dorsal jogada pra frente e ótima abertura caudal, geralmente sem apresentar tanto características da genética DT, e mesmo que em cruzamentos com HM predomine sempre a menor ramificação, a tendência é mais equilíbrio do que distorções, como no caso dos DT´s. Sempre é bom comprar exemplares HM e OHM, sendo as fêmeas OHM sempre mais fáceis de se identificar pois apresentam bem a abertura OHM. E por último não podemos deixar de citar que o crescimentod os raios é muito influenciado pela qualidade da água.
Selecionando os Crowntails
Na seleção dos Crowntails, são considerados principalmente dois fatores, abertura 180º e raios duros e retos, a melhor seleção é sempre acasalar os exemplares que apresentem melhor essas características.
Mas não tendo tão opção poderíamos optar por um CT ao menos SD e bons raios, ai primeiramente teríamos de cruzá-lo com um HM de raios curtos, podendo ser um PK ou long de caudal mais curta, sendo este último melhor, dai já obteremos exemplares de abertura perto de HM e raios fortes, mas com pouco rasgação de membrana e destes selecionaremos os melhores para um novo cruzamento. Só lembrando que a rigidez de raios do CT advém de cruzamentos com PK´s.
Algumas coisas sobre PK
Eu acho que quanto a seleção de PK, há pouco a dizer, em primeiro lugar, porque temos mencionado acima os pontos mais básicos e segunda porque a sua seleção é extremamente simples, o que é ótimo para iniciantes.Eles não têm as dificuldades seletivos de CT ou HM, que devem satisfazer um determinado número de raios, uma certa simetria e os vários problemas estruturais das caudas.É muito mais fácil de selecionar um bom PK que um bom HM ou CT.
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